Milhares foram às ruas pedir a imposição da Sharia, a lei islâmica.
Tunísia foi o berço da chamada Primavera Árabe.
A polícia da Tunísia recorreu a gás lacrimogêneo nesta sexta-feira (14) para conter milhares de manifestantes islamitas, entre os quais alguns que tentaram entrar à força no gabinete do primeiro-ministro, no centro da capital, Túnis.
Berço da Primavera Árabe, a Tunísia realizará na semana que vem uma histórica eleição que agora corre o risco de ser ofuscada pela crescente tensão entre islamitas e secularistas sobre os rumos que cada qual quer para o país.
O protesto começou de modo pacífico, com mais de 10 mil pessoas gritando 'Allahu Akbar!' (Deus é Grande) e exigindo a imposição da lei islâmica, a Sharia, na Tunísia. Foi a maior manifestação realizada até hoje pelos islamitas na capital.
Quando a multidão se aproximou do gabinete do primeiro-ministro interino, Beji Caid Sebsi, alguns grupos tentaram romper a barreira policial.
A polícia antidistúrbios lançou gás lacrimogêneo e usou cassetetes para dispersar os manifestantes, que responderam lançando pedras contra os policiais.
Depois de cerca de meia hora a multidão se dispersou, ficando apenas um pequeno grupo de rapazes jogando objetos na polícia.
Testemunhas disseram à Reuters que houve protestos de islamistas em três outros locais da capital, cada qual reunindo milhares de pessoas.
Segundo os relatos, um grupo se dirigiu a uma estação de TV que recentemente irritou os religiosos conservadores por ter transmitido um filme que mostrava uma figura de Deus.
A Tunísia surpreendeu o mundo em janeiro quando protestos em massa derrubaram o presidente Zine al-Abidine Ben Ali. Sua revolução inspirou levantes similares no Egito, Líbia e Iêmen, entre outros países do mundo árabe, mudando o panorama político da região.
O país realizará em 23 de outubro eleição para a Assembleia que redigirá a nova Constituição. A votação está sendo considerada a primeira eleição genuinamente democrática no país.
Mas o processo alimentou as tensões entre os islamistas, que pela primeira vez estão livres para expressar suas opiniões, e os secularistas, os quais temem que seus valores liberais, modernos estão sob ameaça.
Da Reuters.
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