EFE
Nairóbi, 1 ago (EFE).- Mais de 16 mil refugiados somalis que fogem da crise da fome em seu país vivem no meio do nada devido à saturação dos acampamentos no Quênia, advertiu nesta segunda-feira a organização não governamental defensora dos direitos da infância Save the Children.
'O número de refugiados que fogem da crise alimentícia na Somália é tão elevado, que existe um atraso de mais de 16 mil pessoas para identificar nas entradas dos campos de refugiados do Quênia', afirmou a ONG em comunicado emitido em Nairóbi.
Essas pessoas 'se veem obrigados a viver fora e no meio do mato, em refúgios improvisados com os materiais que vão encontrando'. Além disso, 'as famílias, muitas delas com crianças pequenas, estão vivendo sem as mínimas condições de higiene e longe de clínicas, escolas e outros serviços', destacou a organização.
A Save the Children explicou que o atraso na identificação destas pessoas se deve à 'falta de funcionários trabalhando no processo de registro', e fez uma chamada às autoridades do Quênia para aumentar os recursos nos campos.
'Todos os meninos e meninas que fogem da fome e da guerra na Somália chegam exaustos ao campo, mas agarrados à vida. Temos que fazer algo mais que obrigá-los a viver no mato', ressaltou o responsável pela ONG no Quênia, Prasant Naik.
O campo de refugiados de Dadaab (leste do Quênia), que tem capacidade para 90 mil pessoas, abriga atualmente mais de 400 mil, na maioria somalis, o que transforma esse espaço no maior campo de refugiados do mundo.
No último dia 20 de julho, a ONU declarou oficialmente estado de crise de fome em duas regiões do sul da Somália, Bakool e Lower Shabelle, algo inédito neste país durante as últimas duas décadas. Quase metade da população, 3,7 milhões de pessoas, sofre com a crise, sendo que 2,8 milhões vivem no sul, indicam os dados das Nações Unidas.
A seca que castiga o Chifre da África é a pior na região dos últimos 70 anos e seus devastadores efeitos mantêm em situação crítica cerca de 11 milhões de pessoas, segundo a ONU.
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